Perito(a), já imaginou usar drones em locais de crime?

Bom, aposto que você já viu por aí um drone sendo usado em um momento de recreação. Pode até parecer um brinquedo, mas o drone também é um equipamento de trabalho.
O drone pode até parecer uma recente descoberta. Porém, já era utilizado desde a década de 50. Hoje, os drones são mais acessíveis e estão sendo usado por empresas para mapeamento aéreo, inspeção ou até mesmo para o monitoramento.
De acordo com a Administração Nacional de Aviação Civil (ANAC), até janeiro deste ano, o número de drones profissionais cadastrados no sistema ultrapassaram 28 mil unidades.
Esse crescimento ocorreu em diversas áreas como: construção civil, segurança pública, topografia e agricultura.
Na segurança pública, os drones se destacam nas atividades dos peritos criminais. Quando bem utilizados podem trazer uma maior qualidade, versatilidade e segurança na hora de realizar a perícia, inspeção ou fiscalização.
Os drones e a Perícia Criminal
Os drones (nomenclatura popular de Remotely Piloted Aircraft – RPA) podem ser utilizados de várias maneiras no setor de segurança, como por exemplo, para avaliação de desastres, cobertura de grandes áreas, monitoramento de lugares inacessíveis e até mesmo para serviços de segurança no local de um crime.
A aplicação deste equipamento nas atividades de perícia forense se destaca, especialmente nas áreas de engenharia jurídica, meio ambiente, acidentes rodoviários e cenas de crimes.
Professor DALMASS fala sobre o tema
O uso de drone na perícia criminal foi abordado em um artigo científico escrito pelo perito criminal de Goiás e professor da DALMASS, Walker Toledo Duarte.
O especialista goiano referiu-se à expertise da tecnologia dos drones para realizar levantamentos aéreos em locais de crimes violentos letais intencionais (CVLI), acidentes rodoviários, crimes contra o patrimônio, bem como nos procedimentos de perícia ambiental em grandes territórios e locais de difícil acesso. Confira na íntegra agora!
Artigo: Uso de Drones em Locais de Crime
As ciências forenses se ocupam em utilizar-se da tecnologia e dos conhecimentos acerca das leis da natureza na investigação criminal. A presente pesquisa visa analisar a utilização das ARPs na perícia criminal e algumas das possibilidades de utilização desses equipamentos, além de apresentar trabalhos já realizados com a utilização dessa ferramenta pela Polícia Técnico-Científica do Estado de Goiás (SPTC-GO).
Possibilitar ao perito criminal apresentar aos envolvidos na recepção do laudo pericial a visão mais próxima possível da verdade dos fatos, utilizando-se de inovação tecnológica para medir, analisar e perenizar o palco do evento criminoso.
A pesquisa foi quali-quantitativa, analisando e discutindo as possibilidades do emprego dos dados obtidos a partir dos levantamentos aéreos realizados com a utilização de aeronaves remotamente pilotadas (RPAs) nos laudos periciais produzidos por peritos criminais da SPTC-GO.
Em um caso real de ocorrência de trânsito ocorrida em Aparecida de Goiânia/GO, que é mostrado a seguir, é claramente percebida a importância da utilização de tal tecnologia no uso forense. Como os vestígios se distribuem por uma ampla área, optou-se por realizar uma ortofoto – mosaico ortorretificado – composto por várias dezenas de fotos operadas por meio de uma RPA.
A Imagem 02 apresenta as altitudes relativas, possibilitando ao perito criminal a análise dos declives no laudo pericial, possibilitando uma análise das condições de visibilidade oferecidas pela via em questão.
As Imagens de 03 a 05 são modelos 3D produzidos por meio de imagens realizadas com RPA e processadas no aplicativo DroneDeploy. Nesses modelos pode-se alterar o ponto de perspectiva, a altitude e a aproximação de objetos a qualquer momento. Além de que há ainda a possibilidade de realizar a impressão de uma maquete em escala caso seja pertinente.
Diante dos resultados obtidos temos que a utilização das RPAs na perícia criminal é viável, uma vez que tem-se a prerrogativa de uso para operações diferenciadas, produzindo resultados esperados. Além disso, esta ferramenta realmente diminui o tempo de permanência da equipe pericial no local examinado, uma vez que o levantamento de imagens por meio de RPA é rápido, além de materializar a cena de fato tido como criminoso de maneira ampla.
Espera-se que este trabalho estimule o uso de RPAs por peritos criminais, entregando à Polícia Civil, ao Ministério Público e ao Judiciário laudos que possibilitem a seus usuários uma compreensão da cena do fato tido como delituoso a mais fidedigna possível.
Olegário Augusto da Costa Oliveira, Walker Toledo Duarte, Agenor da Costa Neto.